2.1

Aprendi agora a devorar o negro silêncio que me dás
E nele deitado saborear a minha dor.
Quanto de mim noite se tornou?
O que ficou de mim que o escuro não tomou?
Oh noite, porque amo agora a tua cor?
Se és tu que me assolas o ego...
E mais te digo, "sou cego!"
Porque é na tua escuridão que melhor vejo,
É no teu negrume que a desejo!
Tenha o dia infinitas cores,
Tenha a vida intermináveis sabores!
Neste instante apenas a tua negra calma
Me mitiga a até então desassossegada alma.
E hoje recostado sei finalmente o que almejo,
Porque é na tua escuridão que melhor vejo.